Ao analisar a afirmativa de Emmanuel de que com a expressão almas gêmeas não pretende dizer metades eternas, precisamos partir da percepção de que as duas expressões são, na realidade, metáforas que representam a ligação entre homem e mulher pelo amor. Não se pode deixar de perceber a diferença acentuada entre uma e outra. O numeral metade sugere algo incompleto, que só se torna um inteiro se reunido à outra parte igual. Então, a teoria das metades eternas, realmente, não dá conta de explicar a questão da aproximação das almas e de sua união pelo amor, razão por que os Espíritos a rejeitaram e o Codificador apenas a admite como uma figura que pode simbolizar a afinidade entre dois Espíritos: são tão afins, que parece que um completa o outro, formando uma só individualidade. Mas não se pode ir além disso e pretender que Deus tenha criado os seres pela metade. Já o adjetivo gêmea traduz semelhança, identidade e simboliza mais apropriadamente a idéia da união de dois seres pela simpatia e pela afinidade. Os dois seres são individualidades completas, mas se assemelham e, por isso, se identificam e se sentem atraídos um para o outro – essa é a idéia que se depreende da tese de Emmanuel e não há nela nenhuma contradição com a idéia expressa pelos Espíritos reveladores. Ao contrário, essa idéia está implícita no texto da resposta à questão 301 de O Livro dos Espíritos, em que os Espíritos assim se expressam: “A simpatia que atrai um Espírito para o outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos”. Precisamos lembrar aqui que, além dessa simpatia pela identidade de nível evolutivo, há afeições particulares entre os Espíritos como está explícito na questão 291 de O Livro dos Espíritos. O afeto mencionado na tese das almas gêmeas é um sentimento desse tipo.
Referência:
SOUZA, Dalva Silva. Os caminhos do amor. 3a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - Juventude – tempo de fazer escolhas
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