As casas assombradas, parece-me, devem subdividir-se em dois grandes grupos: as que assim se manifestam por tempo circunscrito e costumeiro e em que quase sempre se pode encontrar a influência de um médium, e estas se devem denominar melhor casas mediúnicas; e aquelas onde o fenômeno perdura ou em que toda influência parece, ao menos em aparência, se deva excluir. [...] No maior número de casas assombradas, que denominarei trágicas, o médium aparentemente ali não se acha, e os fenômenos persistem, às vezes, por séculos. Lendas populares e ainda as crônicas atribuem os ruídos e a aparição de fantasmas, não raro sangrentas, a cenas de violência mortais acontecidas muitos anos ou muitos séculos antes e que se conexam com a observação de uma maior energia nas Almas dos mortos violentamente na flor da vida e com a tendência neles prevalecente, ao que parece, de continuar nos velhos hábitos (Espíritos de marinheiros de nave submergida que continuam as manobras navais no fundo do mar) e nos sítios onde foram mortos ou sepultados, pelo que o fenômeno é mais ligado a certas casas. [...] Em outras casas perturbadas, e são as em maior número, não se encontra sequer vestígios de médium. [...]
Referência:
LOMBROSO, César. Hipnotismo e mediunidade. Trad. de Almerindo Martins de Castro. 5a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. - pt. 2, cap. 12