O suicida é a primeira e maior vítima do seu próprio engano. Mata-se para fugir dos seus problemas, das suas dores, das suas aflições e logo que recupera, do outro lado da vida, lucidez suficiente para compreender o seu novo estado, descobre, profundamente angustiado, que não conseguiu fugir de si mesmo, nem de seus sofrimentos. Mudou a sua posição na vida, trocou uma série de dores por outras mais aflitivas, mais terríveis, mais dramáticas. Na tentativa pueril de iludir algumas Leis Divinas, infringiu outras ainda mais graves que exigem reparações mais dolorosas.
Referência:
ANJOS, Luciano dos e MIRANDA, Hermínio C.. Crônicas de um e de outro: de Kennedy ao homem artificial. Prefácio de Abelardo Idalgo Magalhães. Rio de Janeiro: FEB, 1975. - cap. 8