Sublimação é um dos processos da psicanálise de Freud. Consiste num mecanismo inconsciente que desvia a energia do impulso sexual chamado libido para manifestações de natureza não sexual. Essas novas formas mascaram o instinto grosseiro em representações nobres, altruístas e socialmente úteis e, portanto, aceitas pela sociedade. Estão nesta linha as vocações, os impulsos, os ideais religiosos, artísticos, filosóficos, e mesmo científicos. Equivale figurativamente a uma purificação. A pessoa julga-se movida por um ideal nobre. No entanto, está apenas metamorfoseando, ou sublimando, algum apetite instintivo de ordem inferior em outro de natureza superior. No caso em tela da luta de classes, a sublimação se processaria, segundo nossa tese, pelo desvio do instinto de agressão e de luta manifesto pela sua natureza material socioeconômica para uma exteriorização de ordem socioespiritual. Mas, no sentido da progressiva purificação e espiritualização, e não como mascaramento de impulsos instintivos de ordem primária (tese freudiana). [...] A Codificação Espírita também indica, [...] essa sublimação dos instintos em escala ascendente até o amor: (EE-XI, 8, §1o): “Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e (ainda) corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei do amor [...] extingue as misérias sociais”.
Referência:
LOBO, Ney. Estudos de filosofia social espírita. Rio de Janeiro: FEB, 1992. -