Na primeira metade do século XX, o notável físico-químico Heisenberg descobriu o desconcertante Princípio da Indeterminação, que levou o seu nome. Estabeleceu que não se pode, com exatidão, determinar o momento e a posi P ção de um elétron em torno do núcleo atômico, em determinado instante. Somente é possível determinar meras probabilidades estatísticas, e o conceito de orbitais atômicos cedeu lugar ao moderno conceito de nuvens eletrônicas. Essa descoberta provocou enormes conseqüências, tanto do ponto de vista teórico quanto prático. O antigo Princípio da Causalidade, pedra angular da metodologia científica newtoniana ruiu, cedendo lugar ao Princípio da Indeterminação. Em outras palavras, a lei de causa e efeito perdeu seu primado no campo das ciências exatas e, conseqüentemente, em termos científicos, não se pode propor nenhum enunciado, em termos absolutos. A certeza perdeu seu assento no bojo do edifício do conhecimento humano. Permaneceu apenas a probabilidade de aproximações tangenciais das realidades últimas do Universo porque, matematicamente, sempre haverá a possibilidade de um determinado fenômeno, observado milhares de vezes, apresentar um comportamento outro que não o verificado anteriormente. [...] Voltando ao Princípio da Indeterminação de Heisenberg, se se tentasse estabelecer, com exatidão, a probabilidade da sobrevivência da alma, após a morte, seria necessário resolver uma equação matemática que suplanta as possibilidades atuais da mente humana. Isso não implica, em absoluto, sua impossibilidade. Nem mesmo as equações de onda das nuvens eletrônicas das mais simples moléculas foram ainda matematicamente solucionadas. Conseguiu-se algum progresso no que toca às nuvens eletrônicas de alguns átomos mais simples. Essas questões levantam problemas teóricos que somente as gerações futuras poderão resolver. Contudo, pode-se afirmar, sem medo de errar, que, no estágio atual do conhecimento científico, tanto é incorreto o fanatismo de alguns crentes, como o negativismo inveterado de alguns céticos, que refutam mesmo a probabilidade de os fenômenos existirem. Ambas as atitudes não são cientificamente corretas, mas podem ser classificadas como erros de julgamento. Quase sempre essas idiossincrasias são determinadas por emoções e conflitos inconscientes.
Referência:
BALDUINO, Leopoldo. Psiquiatria e mediunismo. 2a ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. - cap. 1