[...] O Positivismo, que teve o seu período de grande influência no século XIX, é uma doutrina contrária ao sobrenatural e à Teologia, mas ostensivamente voltada para os fenômenos objetivos ou, por outras palavras, para a experiência sensível. Há, neste ponto (não queiramos ir mais longe) uma expressão concordante entre Espiritismo e Positivismo. Entretanto, as duas doutrinas partem de premissas divergentes e seguem direções abertamente irreconciliáveis no que diz respeito às primeiras causas e à sobrevivência do Espírito, questões que o Positivismo considera puramente metafísicas e, portanto, sem o mínimo interesse para a discussão científica. Já se vê que, embora existam pontos de coincidências em palavras, as duas doutrinas não são equivalentes. Poder-se-ia dizer, ainda mais, que o Positivismo tem afirmações frontalmente concordantes com o Cristianismo. Vejamos. O Positivismo sempre pregou o amor por princípio e sempre ensinou o lema viver para outrem. E não é exatamente o que ensina o Cristianismo? Claro que sim. Toda a doutrina do Evangelho se fundamenta no amor, antes e acima de tudo, e o amor ao próximo vem a ser, na prática, justamente o viver para outrem, como recomendam os positivistas. Por isso mesmo, eles exaltam o altruísmo e reprovam o egoísmo. Logo, Cristianismo e Positivismo se encontram pacificamente na colocação destes princípios. Mas a identificação seria impossível no cerne de um e do outro, já porque o Positivismo nem cogita da sobrevivência da vida no mundo espiritual, já porque, segundo a sua filosofia, o culto da Humanidade (denominado o Grande Ser) substitui o culto de Deus. Em lugar de Deus, o Positivismo coloca a Humanidade. Como poderiam identificar-se duas concepções tão distanciadas entre si, apesar de ligeiras coincidências externas? Jamais!
Referência:
AMORIM, Deolindo. Análises espíritas. Compilação de Celso Martins. 3a ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - cap. 10
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